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“TERROR ELEITORAL”: O CRIME ORGANIZADO FOI ÀS URNAS

  • Foto do escritor: Fernando França
    Fernando França
  • 10 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Poder, influência e lavagem de dinheiro são os principais objetivos das facções ao infiltrarem-se na disputa eleitoral.


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A imagem mais icônica da infiltração do crime organizado na politica: ex-subsecretário municipal de Macapá, Jesaias Silva, e Caçula, acusados de envolvimento com facções posam ao lado do prefeito reeleito Antônio Furlan.


Na manhã desta quinta-feira, 10, apenas três dias após o fim das eleições municipais, a Polícia Federal no AP e a FICCO (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado) divulgaram mais uma operação contra a infiltração de facções criminosas na política amapaense. Na ação de hoje, realizada em Oiapoque, município a 590Km da Capital, a PF resumiu em duas palavras um ponto fora da curva na política do Amapá e que deu nome à operação: Terror Eleitoral.


Desde a Operação Herodes, ocorrida no último dia 9 de setembro, que mirou o subsecretário de Zeladoria Urbana de Macapá, Jesaías Silva e Silva (o Jeza), preso pela PF no mesmo dia, e o candidato a vereador Luanderson de Oliveira Alves, conhecido como “Caçula”, a Polícia Federal já realizou outras duas ações voltadas à infiltração do crime nas eleições deste ano.


Foragido na época, Caçula chegou a desafiar o sistema judiciário ao publicar um vídeo pedindo votos aos seus eleitores. Além da acusação de integrar uma das maiores facções do Amapá, ele estaria coagindo eleitores do maior conjunto habitacional do estado, o Macapaba, que conta com mais de 30 mil moradores e onde o crime tem forte influência. No entanto, nas urnas, Caçula obteve apenas 354 votos e se entregou à PF no início desta semana.


Vale lembrar que, em Macapá, o crime organizado conseguiu indicar um subsecretário municipal na gestão do atual prefeito Antônio Furlan, e, no mesmo grupo político do prefeito, aprovar, em convenção, o nome de Caçula para disputar uma vaga na Câmara de Vereadores da capital.


O plano das facções criminosas, no entanto, não se limita a ter um vereador na capital, mas sim a expandir seus tentáculos para áreas de fronteira, como Oiapoque, onde a FICCO e a Polícia Federal realizaram duas operações contra a infiltração das facções nas eleições municipais deste ano.


No primeiro dia deste outubro, as forças de segurança deflagraram naquele município, uma operação simultânea para desarticular um suposto esquema criminoso envolvendo o financiamento eleitoral. De acordo com a PF, “as investigações apontaram que a principal facção criminosa do Rio de Janeiro estaria financiando a campanha de dois candidatos a vereador no município de Oiapoque, por meio de atividades ilícitas, como tráfico de drogas e compra de votos”*. Durante as buscas, aproximadamente 130 mil reais foram apreendidos pela polícia.


Ainda segundo as investigações, “a organização criminosa teria interesse em garantir a eleição de candidatos que facilitariam a distribuição de entorpecentes e armamentos para os garimpos da região”.


Na operação de hoje de manhã, em Oiapoque, as informações da PF indicam que facções teriam financiado a candidatura de uma candidata vereadora no município. A candidata, segundo a PF, já havia sido investigada por tráfico de drogas. As investigações apontam ainda haver fortes indícios de que ela teria recebido uma grande quantia em dinheiro para a compra de votos.


Há pelo 10 anos, as facções criminosas vem se solidificando em áreas carentes da Capital e de municípios estratégicos que favoreçam o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro. Mas é na política que o crime organizado deseja entrar de forma mais eficaz para buscar influência e poder e isso ficou claro nas eleições municipais deste 2024.

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