OLHO GORDO: preços abusivos de hospedagem e especulações imobiliárias em Belém colocam em risco a execução da COP 30
- Fernando França

- 25 de jun.
- 3 min de leitura

A realização da COP30 em Belém, prevista para novembro deste ano, está sob forte questionamento devido à escalada dos preços de hospedagem na cidade. Com a aproximação do evento, que deve reunir líderes mundiais, representantes da sociedade civil e especialistas em mudanças climáticas, surgem denúncias de valores exorbitantes em hotéis e residências, que já despertam críticas da comunidade internacional e colocam em xeque a capacidade do Pará sediar um encontro da magnitude da COP 30.
Segundo os governo paraense e os organizadores do evento, tualmente, a cidade de Belém conta com aproximadamente 18 000 leitos em hotéis, dados também informados pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará (ABIH PA). Devido a falta de leitos para o evento, que espera reunir em torno de 50 mil pessoas em Belém, o governo pretende abrir mais 14 mil leitos na ree hoteleira, mais de 15 mil via aluguel por temporada (Airbnb e outros), 6 mil leitos em navios de cruzeiros e mais mil leitos em
O assunto vem sendo amplamente divulgado pela imprensa nacional, o que já vem criando constrangimento para os organizadores do evento. Segundo reportagem do Estadão, há relatos de diárias que chegam a cifras milionárias, reflexo direto da especulação imobiliária alimentada pela alta demanda esperada para o período. Já o G1 destaca que há uma preocupação crescente com a falta de acomodações adequadas, o que levanta dúvidas sobre a infraestrutura de Belém para comportar um evento global como a COP.
A situação já ultrapassou as fronteiras do país. Delegações estrangeiras e organizações não governamentais têm se manifestado contra os custos excessivos e a escassez de opções acessíveis, o que já vem sendo tratado nos bastidores como uma possível crise diplomática nos bastidores do evento. Há inclusive rumores de boicote por parte de países que consideram inviável a participação sem garantias mínimas de hospedagem adequada.
Reação do governo e propostas emergenciais
Diante do cenário preocupante, o governo federal busca alternativas para conter a crise. Entre as medidas discutidas, estão negociações com redes hoteleiras para conter os preços abusivos e garantir um número mínimo de acomodações a preços razoáveis. A ideia é firmar acordos que estabeleçam tetos de preços e evitem práticas predatórias.
Outra solução considerada é o uso de estruturas alternativas. A possibilidade de utilizar navios ancorados como hospedagem flutuante e a construção da chamada “Vila dos Líderes” — uma estrutura temporária para acomodar chefes de Estado e representantes de alto escalão — está em avaliação.
Além disso, ganha força o debate sobre a necessidade de regulação dos preços durante o período da COP30. A adoção de medidas regulatórias, mesmo que excepcionais e temporárias, é vista como essencial para garantir o caráter democrático e inclusivo do evento.
Risco à imagem do país
A crise da hospedagem não é apenas um desafio logístico. Ela pode comprometer a imagem do Brasil como anfitrião de uma conferência global sobre meio ambiente e justiça climática. Se não houver uma solução viável nos próximos meses, o país corre o risco de ter uma participação esvaziada na COP30 — ou até mesmo de ver sua credibilidade abalada perante a comunidade internacional.
A cidade de Belém, escolhida justamente por estar no coração da Amazônia, pode perder o protagonismo caso não consiga oferecer condições mínimas para a realização do evento. A expectativa agora recai sobre a capacidade do governo de responder com agilidade e responsabilidade a um problema que, se não for contido, pode transformar um momento histórico em fracasso diplomático e organizacional.












Comentários