top of page

A CASA ESTÁ CAINDO: o cerco se fecha contra o prefeito de Macapá, o médico Antônio Furlan

  • Foto do escritor: Fernando França
    Fernando França
  • 4 de set.
  • 5 min de leitura
ree

Por Fernando França


A cena parece saída de um roteiro de série policial, mas ocorreu em Macapá: o motorista pessoal do prefeito da cidade, Antônio Furlan, foi flagrado, em monitoramento da Polícia Federal, recebendo uma sacola abarrotada de dinheiro. Para piorar o cenário nebuloso, um empresário investigado no escândalo foi preso - solto na tarde dessa quinta-feira, 4 – por tentar atrapalhar as investigações. O que os torna comum, é que ambos estão no centro de um plano criminoso de desvio de recursos e lavagem de dinheiro.


O episódio, revelado por investigações da Polícia Federal, expõe a face mais crua de um esquema que a PF batizou de Operação Paroxismo. Mas não é só isso, tem muito mais investigações acontecendo num rastro de escândalos que podem levar o prefeito de Macapá, Antônio Paulo Oliveira Furlan, à cadeia.


O prefeitão no olho do furacão


A Operação Paroxismo foi deflagrada no dia 3 de setembro de 2025 e cumpriu 13 mandados de busca e apreensão — 11 em Macapá e 2 em Belém (PA). O alvo principal é uma fraude de R$ 69,3 milhões, num contrato firmado em maio de 2024 para a construção do Hospital Geral Municipal de Macapá. Segundo a PF, agentes públicos e empresários montaram um esquema estruturado para desviar recursos por meio de direcionamento de licitação, uso de empresas de fachada, lavagem de capitais e, sobretudo, movimentação em espécie, propina em outra palavra.


Os investigadores flagraram um saque R$ 9 milhões em dinheiro vivo, que segundo as investigações seriam usados para irrigar um circuito paralelo da propina, foi parar diretamente nas mãos do motorista do prefeito Antônio Furlan, o que o põe no olho do furacão.


Para a gravar a situação de Furlan, o empresário Rodrigo de Queiroz, dono da Santa Rita Engenharia Ltda, empresa vencedora da licitação fraudada, foi preso ao tentar se livrar do seu celular, numa tentativa clara de atrapalhar as investigações. O empresário foi solto na tarde desta quarta-feira, 4, por determinação da Justiça Federal.

ree

Até aqui, a estratégia política de Antônio Furlan era negar sistematicamente qualquer participação pessoal em irregularidades e se apresentar como vítima de perseguição política, atribuindo aos seus adversários o que acontece de ruim em sua gestão, uma narrativa usada para não dispersar os seus eleitores.


No entanto, o flagrante da PF monitorando o motorista do prefeito recebendo uma sacola abarrotada de dinheiro mina a narrativa de Furlan e o coloca no centro das investigações de desvios de recurso públicos, recebimento de propinas e lavagem de dinheiro, crimes que podem o levar à cadeia, desidratando ainda mais a sua gestão e sua imagem.


Não por acaso, veículos de imprensa nacionais — como Veja, CNN Brasil, Band, O Liberal, O Globo, MídiaNinja, ICL Mídia, Metrópole, Estadão, Diário do Poder e tantos outros — deram destaque à operação, ainda que nem todos tenham detalhado a cena do motorista. O consenso, porém, é inequívoco: a investigação mira o núcleo do poder municipal, Antônio Furlan, Irmãos e Cia.


Um rastro de escândalos


A Operação Paroxismo da PF que investiga desvios de recursos federais da obra do Hospital Municipal – tão propalada politicamente pelo prefeito da capital como uma de suas maiores entregas, não surgiu do nada, foi apenas mais uma. O nome de Antônio Furlan é figurinha batida e está associado a outras investigações de fraude em licitações, desvios de recurso e recebimentos de propinas.


Transporte coletivo:

Em 19 de fevereiro de 2025, a promotora de Justiça Clarisse Lindanor Alcântara Lax, requisitou ao delegado-geral de Polícia Civil a abertura de um inquérito policial. O objetivo é investigar o prefeito Antônio Furlan e três dirigentes da CTMac por suspeitas de fraude em licitação e falsificação de documento público, visando facilitar a entrada da empresas Nova Macapá no sistema de transporte coletivo da capital. Mais uma vez, o prefeito Furlan está no centro das investigações.


Merenda escolar:

Outra investigação que causou grande escândalo na cidade foi o da denúncia feita pelo empresário Manoel Bezerra, da Amazonas Empreendimentos LTDA, que disse ter entregado produtos de merenda escolar no valor de R$ 1,641 milhão à Prefeitura de Macapá em maio de 2023. Porém, até dezembro de 2024, ele não havia recebido o pagamento.


O empresário acusa a prefeitura de desviar recursos do PNAE (Programa Nacional de Merenda Escolar). A denúncia levou o Ministério Público do Amapá (MP-AP) a abrir um procedimento (Notícia de Fato), requerendo esclarecimentos ao prefeito Antônio Furlan e ao secretário de Educação Madson Millor Lima Rodrigues em um prazo de 10 dias úteis. Antes disso, o promotor Iaci Pelaes também já havia oficialmente solicitado esclarecimentos relativos ao atraso de pagamento ao fornecedor, incluindo indícios de desvio de finalidade dos recursos destinados à merenda escolar, que poderiam ter sido redirecionados para outros fins.


Praça Jacy Barata Jucá:

No rastro dos escândalos que envolvem o prefeito Antônio Furlan, está a obra da praça Jacy Barata, no qual o empresário Claudiano Monteiro confirmou o pagamento de propina em espécie ao secretário de Obras, Cássio Cruz, com relatos de que parte do valor seguia para um “chefe” — supostamente o irmão do prefeito, José Furlan Neto.


Essa investigação apura se houve exigência de propina entre 5% e 20% sobre o valor de cada medição da obra. O esquema teria incluído um “valor menor” para o secretário e valores maiores destinados a um “superior”.


O acúmulo de escândalos e investigações projeta um cenário de deterioração política para o prefeito Antônio Furlan, que chegou ao poder prometendo modernizar a administração municipal, mas até o momento nem concurso público a gestão conseguiu fazer, e só anunciou concurso nos últimos dias para Guarda Civil e Agentes de Transito por conta da pressão da imprensa local e da população, que denunciou a contratação terceirizada de 120 agentes de trânsito pela bagatela de R$ 16 milhões, cerca de 11 mil reais por cada terceirizado.


Portanto, denúncias contra a gestão Furlan é o que não faltam, vão desde assédio moral, passando por falta de pagamento de prestadores de serviços, a esquemas criminosos de desvios de recursos, pagamento de propina e lavagem de dinheiro, estes últimos estão sob investigação federal e que podem levar o prefeito Furlan à cadeia.


O que está em jogo

As acusações contra Furlan não se limitam a episódios isolados. O que se desenha é um padrão de governo baseado em favorecimento, propinas e caixa paralelo. No caso do hospital, o contrato milionário e os saques em espécie indicam que a saúde pública de Macapá foi transformada em moeda de troca política e fonte de enriquecimento ilícito.


Se confirmadas as acusações, o prefeito e seu núcleo de poder podem responder por corrupção passiva, corrupção ativa, peculato, fraude em licitação e lavagem de dinheiro.


A hora da verdade

Em política, a metáfora da “casa caindo” costuma ser usada de forma exagerada. Não desta vez. Os indícios já não são apenas fumaça — há labaredas queimando a gestão e a imagem de Furlan. A cena flagrada pela PF do motorista com a sacola de dinheiro pode ter sido o gatilho que faltava para o colapso de uma blindagem construída a base de discursos de vitimização.


O cerco se fecha, e a pergunta que ecoa em Macapá é simples: quanto tempo ainda resiste o mandato de Antônio Furlan diante de tantos escândalos?

Comentários


Mais Lidas

bottom of page